Nos dias 26 e 27 de outubro, será realizado o Seminário “Desconstruções/Construções: Fragilidades, Ameaças e Ressignificação do Patrimônio Cultural”, organizado pelo Centro de Preservação Cultural da USP e pela Casa de Dona Yayá, com apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. O evento é presencial, sediado no Centro de Preservação Cultural da USP/Casa de Dona Yayá (Rua Major Diogo, 355, Bela Vista – São Paulo), e é gratuito para os interessados que se inscreverem até 17 de outubro por este link.
Qual é o impacto da destruição de museus, acervos e lugares de memória na sociedade?
O Seminário “Destruições/construções: fragilidades, ameaças e ressignificação do patrimônio cultural” será realizado pelo Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (CPC–USP), com apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU–USP), e acontecerá de forma presencial na Casa de Dona Yayá, em São Paulo. Destacando casos de destruições e demolições, o evento vai refletir sobre os bens culturais, os sentidos das ausências, as identidades, afetos e valores mobilizados pelos moradores, gestores e usuários em seu sentido mais amplo, de monumentos ao patrimônio popular, de consagrados a desconsiderados. Para tanto foram convidados pesquisadores de áreas como antropologia, história, geografia, museologia e arquitetura para discutir em múltiplas dimensões as perdas e os significados do patrimônio, a gestão aos inventários, as soluções e os significados, afetos e memórias presentes nos vestígios e fragmentos, e, finalmente as completudes e ausências das novas materialidades após as perdas. Também participarão representantes de coletivos atuantes na preservação da memória e do patrimônio em São Paulo, como Movimento Pró-Pinheiros, Coletivo Chácara das Jabuticabeiras, GT Brasilândia Ó/Repep, Coletivo Salve Saracura, Coletivo Ururay.
Flávia Brito, diretora do CPC–USP e professora da FAU–USP, comenta que é um evento inédito no Brasil que vai fazer uma abordagem original a partir de casos ocorridos em todo o país sobre esse tema tão urgente – a realidade das transformações e destruições ao patrimônio não é novidade, mas se agravou nos últimos anos. Como é o caso da privatização do Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo, que resultou na demolição de parte do espaço de lazer tradicionalmente ocupado por camadas populares e das arquibancadas do estádio, causando grande comoção entre os paulistanos. O incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, de repercussão internacional, e as enchentes e deslizamentos em Minas Gerais foram temas amplamente noticiados que envolvem políticas de preservação e memória nacional, comprometidas pela precarização e sucateamento das instituições públicas nacionais de preservação. São perdas irreparáveis e processos de luto que levam à construção de novos sentidos para as materialidades que restam, os vazios que ficam.
Confira a programação na íntegra:
26 de outubro (quarta-feira)
– Pablo Hereñu (H+F Arquitetos) – Museu Nacional
– Diana Bogado (Unip e Universidade do Planalto Central) – Museu das Remoções
– Gleyce Kelly Heitor (Oficina Francisco Brennand) – A luta e a memória: Museu da Linha do Coque
– Anita Almeida (UniRio) – A destruição dos restos da destruição, a coleção de Pompeia e Herculano no Museu Nacional
– Mediação: Renato Cymbalista (FAU–USP)
– Simone Scifoni (USP) – Parque do Povo, a destruição de um patrimônio
– Cristina Meneguello (Unicamp) – Destruição e reconstrução em Assunção, Paraguay
– Flávia Brito do Nascimento (FAU–USP) – Patrimônios populares, patrimônio moderno e a questão da moradia
– Mediação: Deborah Neves (UPPH)
– Movimento Pró-Pinheiros
– Coletivo Chácara das Jabuticabeiras
– GT Brasilândia Ó da Repep
– Coletivo Salve Saracura
– Coletivo Ururay
– Mediação: Nilce Aravecchia-Botas (FAU–USP)
27 de outubro (quinta-feira)
– Renata Allucci e Maria Cristina Schicchi (Pucamp) – São Luiz do Paraitinga: o rio e os cenários pós-enchente
– George da Guia (Iphan) e Ana Clara Gianecchini (UnB) – O Casarão de Ouro Preto entre deslizamentos e normativas
– Nivaldo Andrade (UFBA) – Centro Histórico de Salvador, fragilidades crônicas e agudas
– Mediação: Maria Lucia Bressan Pinheiro (FAU–USP)
– Fernando Atique (Unifesp) – Escombros Memoriais, Relíquias Documentais, Vívidas Consequências: o papel da demolição do Solar de Monjope no Rio de Janeiro dos anos 1970
– Eneida de Almeida (Universidade São Judas) – O Bixiga entre a pressão do mercado imobiliário e as mobilizações pela preservação do patrimônio cultural e ambiental
– Mariana Tonasso (Unaso), Claudia Muniz (FAAP) e Mariana Kimie (Repep) – Está tudo dentro da lei: uma análise sobre a relação entre legislação urbana e destruição do patrimônio cultural em São Paulo
– Silvio Oksman (Mackenzie) – O Estádio do Pacaembu
– Mediadora: Andrea Tourinho (Universidade São Judas)