FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Estudantes ganharam a primeira etapa do PIE², o Programa de Integração dos Estudantes de Engenharia, que envolve todas as unidades de Engenharia da USP, que terá uma premiação final em dezembro 

Os alunos Ana Paula Velozo, Arthur Ventura, Douglas Luan de Souza, Luis Felipe Gomes, Marcel Cavalcante e Valentin Klemens, da equipe Salus, receberam nesta sexta-feira (17/11) o prêmio de melhor projeto inscrito pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) no Programa de Integração dos Estudantes de Engenharia (PIE²), uma iniciativa do Pró-Reitoria de Graduação da USP e da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest).

O projeto escolhido como o vencedor procurou resolver a poluição e o mau cheiro do Rio Pinheiros, este segundo causado sobretudo pela decomposição da matéria orgânica presente no local. Essa decomposição é feita por bactérias anaeróbias – que sobrevivem em ambientes com baixa concentração de oxigênio.

Os integrantes do grupo selecionado explicam que essas bactérias, ao decomporem a matéria, produzem gases como o metano e o gás sulfídrico, que são a causa do cheiro desagradável que exala do Rio.

Pensando nisso, eles propuseram a adoção de um mecanismo de baixo custo, o denominado aerador venturi, para aumentar a concentração de oxigênio na água, eliminando assim as bactérias anaeróbias e aumentado a quantidade das aeróbias no local – aquelas que necessitam do oxigênio para sobreviver e que não eliminam os gases responsáveis pelo mau cheiro.

O aerador, conhecido popularmente como samuca, é muito usado em aquários para aumentar a qualidade de vida dos peixes e algas. Em uma escala maior, ele pode contribuir para a oxigenação de grandes volumes de água. O mecanismo consiste em canos ligados entre si que se utilizam da pressão da correnteza de um rio para sugar o ar do ambiente e despejá-lo na água.

Os alunos contam que a ideia é colocar cerca de 50 aeradores nos afluentes do Rio Pinheiros, para aproveitar a maior velocidade da água nesses locais, e nas pontes ao longo do rio, criando para isso reservatórios em cima delas que aproveitam a água das chuvas e a altura. Eles estimam que, com essa intervenção, seria possível injetar um volume de água aerada igual ao volume do Rio em até 20 anos.

Com relação à poluição do local, eles propuseram o monitoramento da qualidade da água e a obtenção de dados de controle, possibilitando futuras propostas complementares durante esse período.

Entrega dos prêmios – A premiação em cada unidade da USP, como essa realizada na Poli, é a primeira etapa do Programa, que premia o melhor projeto da área de Engenharia entre todos os cursos oferecidos pela universidade nos campi de São Paulo e de cidades do interior. Todos os competidores da Poli foram orientados pelos docentes Larissa Driemier e Nicola Getschko, ambos do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos (PMR) da Escola, e organizadores da primeira fase do Programa. Agora, os finalistas se preparam para a segunda etapa da competição.

A partir de uma fotografia da Marginal Pinheiros, em São Paulo, os candidatos foram incentivados a encontrar um desafio de Engenharia contido na imagem e a propor uma solução para o mesmo em um vídeo de até três minutos. Na primeira fase, cada unidade escolheu o melhor projeto inscrito. Agora, os melhores projetos de cada unidade deverão competir entre si, e a equipe vencedora receberá apoio financeiro para a realização de um estágio no exterior no valor de US$ 1,2 mil mensais para cada membro.

Estiveram presentes para a entrega dos certificados os professores orientadores, o diretor da Poli José Roberto Castilho Piqueira, o pró-reitor de graduação Antônio Carlos Hernandes e o docente convidado José Roberto Drugowich de Felício.

Hernandes destacou o maior objetivo do Programa, pensado inicialmente com a ajuda de Felício, que é desenvolver uma relação de integração entre os Cursos de Engenharia da Universidade. “Nós temos hoje quase 12 mil alunos de Engenharia na Universidade de São Paulo. A preocupação da Pró-Reitora era a de despertar nesses alunos a concepção de unidade. Isso vai acontecer na segunda fase, da qual vocês irão participar”, afirmou.

Todos os vencedores irão se reunir para a próxima competição, que será realizada na Poli em dezembro. As equipes terão seus integrantes misturados em novos grupos para propor a solução de outra problemática, que será definida em breve. Além disso, participarão de atividades como uma visita monitorada à Escola.

Segundo Piqueira, o Programa tem uma causa nobre. “Eu sou formado pela Escola de Engenharia de São Carlos, mas sou professor da Poli e me considero politécnico. Então sei muito bem o que o que representa para uma pessoa que é de outra unidade vir estudar aqui”, afirmou. “A Escola, apesar de muito grande, me acolheu muito bem. Espero que nossos estudantes façam isso com seus colegas também”, completou.

Hernandes elogiou a qualidade de todos os projetos inscritos, mas não deixou de alertá-los sobre os desafios da próxima etapa. “Quando forem pensar no problema, é importante que enxerguem além. Com isso, eu quero dizer que é necessário não somente definir o problema e propor a solução, mas analisar se essa proposta é viável economicamente, em quanto tempo ela pode ser implementada e se de fato trará os benefícios desejados”.

Getschko complementou a fala do pró-reitor ressaltando a relevância do compromisso que o Programa possui com a integração de estudantes. “A integração entre escolas é uma coisa extremamente importante, uma vez que quanto mais heterogêneo um grupo for, maiores a chances de um projeto ser inovador”, completou.

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