FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Professores Liedi Bernucci e Reinaldo Giudici assumem os cargos de diretora e vice-diretor com a incunbência de mobilizar a comunidade no desenvolvimento do projeto acadêmico da Escola

Ampliar a excelência no ensino, na pesquisa e na extensão é uma meta objetiva assumida pela nova Diretoria da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), mas não é esse o principal marco que os professores Liedi Légi Bariani Bernucci e Reinaldo Giudici, diretora e vice-diretor da instituição, respectivamente, pretendem deixar da nova gestão. A grande preocupação é com o futuro.

Nesse sentido, os dois docentes que acabam de assumir o comando da Poli-USP pelos próximos quatro anos têm a enorme tarefa de mobilizar a Escola na discussão e desenho do projeto acadêmico da Poli, como um todo, de cada um dos Departamentos, e dos docentes, individualmente. O projeto é uma demanda da Reitoria da USP para todas as unidades da Universidade, mas não é por isso que a nova diretoria está mobilizada em torno da iniciativa, e sim pela relevância estratégica de uma ação como essa.

“É um exercício importantíssimo para estabelecermos o que queremos ser e como queremos ser vistos no futuro”, ressalta Bernucci, que é docente do Departamento de Engenharia de Transportes e anteriormente ocupava a vice-diretoria da Poli na gestão do professor José Roberto Castilho Piqueira. O novo vice-diretor endossa. “Acredito que esse direcionamento de longo prazo deva talvez ser mais importante do que os ganhos pontuais que a gente vai obter durante a gestão”, aponta Giudici, professor do Departamento de Engenharia Química da Poli.

Obviamente, a nova gestão tem projetos para o aqui e agora. Fazer a análise e eventuais aperfeiçoamentos da nova estrutura curricular da graduação (EC3), ampliar a internacionalização, incentivar a formação de novos grupos de pesquisa capazes de trabalhar em grandes projetos, fomentar ainda mais a extensão e continuar mobilizando toda a comunidade no sentido de fazer da Poli-USP um ambiente mais inclusivo. Esses são alguns dos pontos de destaque no programa da Diretoria recém-empossada, como mostram Bernucci e Giudici na entrevista a seguir.

Por que decidiram se candidatar ao cargo de diretor e vice-diretor e como se ‘encontraram’ para compor essa chapa?

Reinaldo Giudici (RG) – Fui chefe de Departamento por vários anos, mas não tinha ambição de ocupar cargo de Diretoria. Recebi o convite da professora Liedi, que colocou suas preocupações com a Poli, e vi que eram similares às minhas. Ela também falou que precisava de alguém com um perfil parecido com o meu. Me deu um tempo bem longo para pensar sobre o assunto. Após meditar muito, resolvi embarcar nessa viagem. Ela me convenceu a encarar esse desafio. É um aprendizado novo e uma possibilidade de colaborar com a Escola de uma forma diferente da que venho fazendo.

Liedi Bernucci (LB) – Para contar como nos encontramos, preciso voltar um pouco no tempo. O professor Piqueira me colocou um desafio, me convidando para disputar a eleição para vice-diretoria. Como fez o professor Reinaldo, eu também tive de pensar muito antes de aceitar me candidatar ao cargo. Passei, então, a acompanhar o cotidiano da Diretoria e da Escola, saindo do âmbito do Departamento [de Engenharia de Transportes], o que é um desafio. Eu não estava acomodada de maneira alguma quando estava no Departamento, mas eu tinha de lidar com outro tipo de desafio como pesquisadora, como docente. Era um mar em que eu sabia navegar. No mar administrativo da dimensão da Diretoria, não, mas fui aprendendo, fui sentindo o que era ser dirigente da Escola, o que é a própria Escola, sua importância perante vários órgãos, e ali pela metade do mandato na vice-diretoria, decidi que gostaria de me candidatar ao cargo de diretor, mas queria pensar muito em quem convidar para ser meu parceiro. Fiquei observando nosso corpo docente, os Departamentos, pensando sempre em pessoas que pudessem ajudar. Conversando com pessoas muito próximas, chegamos ao nome do professor Reinaldo. É uma pessoa muito trabalhadora, sênior, tem como marca profissional uma grande seriedade e constância no comportamento, tem uma entrada e um reconhecimento na Capes e na Fapesp, é igualmente reconhecido pelos pares dentro e fora da Universidade. Na época conversei inclusive com o professor Vahan [Agopyan, vice-reitor até no ano passado, agora reitor da USP, e docente do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli] e ele disse que o professor Reinaldo era ótima escolha. Várias dessas pessoas que consultei, as quais tenho confiança em suas opiniões, acharam ótima a escolha dele para a chapa. Só faltava o próprio professor Reinaldo dizer sim. Temos perfis em algumas questões parecidas, em outras complementares, ou seja, temos muito a acrescentar um ao outro e isso é bom para a Diretoria. Professor Reinaldo é um Pesquisador 1A do CNPq, e quando você fala isso no meio acadêmico, não precisa dizer mais nada. Todos sabem no mundo da pesquisa o que representa ser pesquisador 1A, não precisa descrever. Precisamos mostrar a direção que a gente acha que a Escola deve seguir e acho que encontramos isso com a nossa chapa.

Quais são os planos desta gestão, considerando-se o tripé ensino-pesquisa-extensão?

LB – A Escola é conhecida e reconhecida pela excelência de sua graduação, algo que sempre foi muito bem cuidado na Poli. Os pais comemoram muito quando seus filhos entram na Escola. Portanto, a graduação é uma bandeira nossa muito forte. Não é porque temos um nível de excelência que podemos nos ‘deitar em berço esplêndido’. Precisamos fazer uma avaliação do que a nova estrutura curricular [EC3] trouxe de benefícios para a Poli e quais pontos podem precisar, eventualmente, de aperfeiçoamentos. A outra medida é ampliar a internacionalização, mas procurando diversificar mais esse processo, com mais disciplinas ministradas em inglês para atrairmos estudantes da Ásia, como os japoneses, chineses, coreanos, indianos. Queremos também atrair mais estudantes da América Latina e desenvolver mais parcerias com instituições dessa região para ampliarmos nosso programa de duplo diploma para esses países. Também queremos que essas instituições nos enxerguem para a pós-graduação e pesquisa.

RG – Na pós-graduação, temos um trabalho maior. Precisamos aumentar a visibilidade da Escola, inclusive nos indicadores oficiais, como, por exemplo, as notas da Capes. Devemos atuar para que todas essas notas subam e mostrem todo potencial que a Escola tem. A Poli tem vários grupos de pesquisa bem estabelecidos, que se destacam nacional e internacionalmente, que conseguem grandes projetos. Das quatro unidades Embrapii sediadas na USP, duas estão na Poli, um resultado bastante auspicioso. Também temos grandes projetos do tipo Cepids, Projetos Temáticos, INCTs, que dão visibilidade em nível nacional e trazem mais recursos e infraestrutura para nossas pesquisas. Já somos bons, mas temos potencial para fazer esses números crescerem. Precisamos ampliar essa base de pesquisa, fazer com que os programas se envolvam mais com projetos, com publicação, que atinjam níveis de excelência no âmbito dos indicadores. Esses grupos de excelência não surgem do nada, então, ao mesmo tempo, devemos semear esse terreno para que novos grupos, fortes, sejam formados, de modo que tenhamos mais projetos de grande porte na Escola.

 

LB – A mesma linha de raciocínio, de certa forma, vale para as atividades de extensão da Poli. Temos excelentes trabalhos sociais e de cunho tecnológico, voltados para a sociedade. Precisamos reforçar essas iniciativas. São projetos que envolvem funcionários, alunos e docentes da Poli e que têm impacto importante na sociedade. Visitamos as escolas de ensino médio para contar aos alunos o que é a Poli. Os cursos que fazemos de extensão são muito bem vistos por quem faz esses cursos, pelo mercado de trabalho. Temos um programa, por exemplo, que buscará aumentar o número de cursos de extensão à distância, de modo que possamos atingir outros Estados e talvez até outros países. Devemos fazer um esforço de sair da Capital, usando ferramentas de ensino a distância. Entender como implementar isso é uma lição de casa que o pessoal de Extensão está fazendo. Queremos incrementar os projetos de extensão para beneficiar a sociedade, mas estamos falando claramente de projetos que não concorrem com a iniciativa privada, que não substituem uma empresa de consultoria ou projetista. Esses projetos podem ter parceiros, da iniciativa privada ou não, ou ter só a universidade desenvolvendo um projeto que atenda uma demada de uma indústria, de um organismo federal, estadual, privado. E não se trata de misturar o que é pesquisa e o que é extensão. Há interseções, mas sempre dá para definir se um projeto tem caráter mais de pesquisa ou mais de extensão. Projetos de extensão podem gerar publicações, produção científica qualificada, orientação de iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado, mas tem outro caráter. Geralmente são de impacto de curto prazo para a sociedade. Essa é uma das formas mais imediatas de aproximação da Poli com a sociedade. Temos um patrimônio em laboratórios e conhecimento disponível para atender as demandas sociais, especialmente as curto prazo, por meio desses projetos de extensão. Queremos ampliar seu volume, estabelecendo uma clareza de conduta na execução dos mesmos.

Gostaria também de ressaltar que temos um quarto campo de ação além desse tripé, o da Administração. Sabemos que existem problemas financeiros, que não são pequenos. Precisamos trilhar um caminho dentro dessas restrições orçamentárias e também jurídicas. Como conseguir tocar os vários projetos que temos, obervando essas restrições. Há uma outra questão, administrativa, que permeia o ensino, a pesquisa e a extensão, que é fazer o projeto acadêmico da instituição, de cada Departamento e de cada docente, o que será encaminhado para a Reitoria. Já começamos a trilhar as diretrizes para nortear a Escola, os Departamentos e os docentes na confecção desse projeto acadêmico institucional, departamental e individual. É um exercício importantíssimo para estabelecermos o que queremos ser e como queremos ser vistos no futuro, como vamos impactar esse futuro, que caminho vamos percorrer, que obstáculos provavelmente vamos enfrentar e quais metas precisamos atingir para chegar no mesmo. São caminhos muito claros que precisamos trilhar. São esperadas mudanças de rumo, então temos de ser flexíveis, mas precisamos ter clareza de onde queremos chegar. O projeto acadêmico não deve observar a Escola com um olhar do ponto de vista burocrático, mas procurando dar um norte para o futuro…

Dentro desse universo de planos, o que é continuidade e o que é novidade? O que vocês apontariam como sendo o diferencial do que veio na gestão anterior, em que tivemos a professora Liedi como vice-diretora?

RG – Esse direcionamento de longo prazo é, talvez, mais importante do que os ganhos mais específicos que vamos obter durante a gestão. É muito mais importante dar um direcionamento certo para a instituição, observar em que pontos estamos trilhando esse caminho da forma correta e em quais aspectos precisamos fazer uma mudança de direção e apontar que direção seria… Isso é mais estrutural; vai dar frutos no longo prazo, mas será algo mais perene, mais sólido. É mais importante construir uma agenda de longo prazo do que terminar os quatro anos e dizermos que conseguimos um grande feito. Tudo isso vai depender da própria reflexão que a Escola vai fazer para elaborar o projeto acadêmico. Trata-se de uma construção coletiva. A comunidade, como um todo, precisa abraçar esse projeto e, para isso, precisa participar da sua construção.

Professora Liedi, o que sua experiência na vice-diretoria lhe trouxe de aprendizado a ser incorporado na sua gestão como diretora?

LB – Aprendi muito com o professor Piqueira. Ele é muito companheiro, sempre se referia ao trabalho da Diretoria e não do diretor. Para mim, foi um grande parceiro, sempre procurava ouvir minha opinião, tínhamos um diálogo constante e aberto. Trabalhar com ele foi uma lição pessoal porque, por um bom tempo, coordenei meu laboratório praticamente sozinha, e só quando duas professoras mais jovens foram incorporadas ao laboratório comecei a dividir decisões. Outra coisa que me chamava a atenção era ver que o professor Piqueira recebia todos da mesma forma, do aluno ao ministro. Olhar essa conduta, para mim, foi muito importante. Mais um aspecto que considerei um aprendizado relevante foi esse olhar para frente. O professor Piqueira não pensava em ter seu nome ligado a um legado. Ele não é personalista. Por exemplo, ele fez tudo para estruturar o campus de Santos, mas nunca vi esse personalismo nele, de querer ligar seu nome a algo. Foi um exemplo maravilhoso.

Interessante porque o professor Piqueira, em entrevista, atribui a estruturação de Santos ao seu esforço na vice-dreitoria…

LB – Veja como ele é uma pessoa maravilhosa…Foi uma lição trabalhar com ele. Admiro muito o atributo que ele tem em dar responsabilidade para alguém, e cobrar por isso depois. E ele confia que a pessoa vai executar a tarefa, vai chegar ao resultado. Aprendi com ele a ser um pouco menos centralizadora.

O fato de compor a chapa com uma pessoa que já foi da Diretoria foi um fator que pesou na sua decisão de se candidatar como vice-diretor, professor Reinaldo?

RG – Sem dúvida. O fato de a professora Liedi querer levar para sua gestão essa experiência de trabalho em parceria que desenvolveu com o professor Piqueira foi um dos pontos que me fez me sentir à vontade para trabalhar com ela.

Professor Reinaldo, falando como engenheiro e docente da Poli, e não como vice-diretor, como vê o fato de termos uma mulher no posto máximo de gestão da Escola?

RG – Como docente, devo reconhecer que tem um simbolismo muito grande. Mas gostaria de ressaltar que a professora Liedi não foi eleita por ela ser mulher, mas em razão da sua trajetória acadêmica, como professora e como pesquisadora, e da sua competência na gestão, demonstrada na chefia do Departamento de Engenharia de Transportes e, especialmente, nos últimos quatro anos, quando atuou como vice-diretora da Escola. Agora, não dá para negar que o fato de ela ser a primeira diretora da Escola tem um simbolismo importante, e não vejo nada de mal nisso. Pelo contrário, mostra que as mulheres estão ocupando esses espaços tradicionalmente marcados pela presença masculina.

E para você, professora Liedi, o que é termos uma mulher na direção da Poli pela primeira vez?

LB – Antes de mais nada, temos o compromisso do exemplo. Eu estar na vice-diretoria da Poli já era um exemplo para muitas meninas, e estar como diretora terá esse aspecto relevante: as jovens poderão olhar e pensar que é possível não só ser engenheira, mas ascender na profissão. Em uma formatura festiva de alunos da turma da Engenharia Civil na qual fui a homenageada este mês, muitas das meninas que abracei quando entreguei o diploma me falaram que eu servia de exemplo. Mas gostaria de destacar que, acima de tudo, acredito que as pessoas devem fazer a opção de carreira independentemente do gênero: devem escolher porque tem talento, gostam de fazer aquilo, têm amor, paixão pela profissão. As pessoas devem escolher a profissão na qual elas se enxergam como um ator relevante para ela e para a sociedade. Devem ter liberdade de escolha e serem respeitadas, independentemente do gênero. Muitas alunas cobram que devíamos ter mais mulheres na Engenharia, mas eu honestamente não sei se precisamos ter 30%, 50% de mulheres… Precisamos ter calma para fazer essas avaliações. Na Escola Politécnica da Zurique, que chamamos de escola-mãe porque ela foi a inspiração para a criação da nossa Politécnica em São Paulo, as alunas representam 8% do total. E estamos falando de um país mais desenvolvido e rico. Na Poli, estamos próximos de chegar a 20% de alunas. Quando entrei na Poli, éramos 4% as mulheres na graduação; hoje são quase um quinto. Estamos evoluindo. Precisamos incentivar os talentos e ter respeito não só pelas mulheres, mas pelo ser humano: pelas mulheres, pelos homossexuais, pelos negros, pelos pobres, pelos homens, por todos. Eu sei que, como sou mulher, isso vem à tona sempre, mas quero enfatizar que é preciso respeitar a diversidade. Isso é o mais importante.

Professora, você sempre destaca que se planejou e preparou para ter uma carreira acadêmica, na docência e na pesquisa. Em que momento chegou a você a ideia de se aventurar na área da gestão e ter uma carreira nessa área da universidade?

LB – Na verdade, o Departamento me colocou o desafio de chefiá-lo. Eu era livre docente e professora associada. Achei o convite interessante, me candidatei e fui eleita, mas nunca pensei em atravessar a rua e vir para o prédio do outro lado [da Administração]. Até um dia em que o professor Piqueira conversou comigo no Laboratório [de Tecnologia de Pavimentação] e perguntou se eu nunca havia pensado em me candidatar a vice. Eu o levei para conhecer todo o laboratório, apresentei todos os meus planos de pesquisa e o que eu tinha me colocado como desafio. Vendo tudo o que eu estava fazendo, ele entendeu que o laboratório me demandava muito. Então ele disse que, olhando pelo aspecto da docência, achava que eu era mais útil no laboratório, mas, observando meu trabalho do ponto de vista de um possível diretor da Poli que precisava de um vice-diretor, ele afirmou que seria muito bom se eu fosse candidata a esse cargo. Discuti essa possibilidade com meu marido, e ele falou que alguém tinha de fazer as coisas e que eu poderia ajudar a Escola, já que gosto tanto dela. Meu marido foi o maior incentivador para eu me candidatar a vice. Então aceitei o desafio.

Professor Reinaldo, no seu caso, sua experiência como chefe do Departamento de Engenharia Química ajudará na vice-diretoria?

RG – Ajuda sim. Embora o nível da Escola é maior do que o do Departamento, há uma série de questões semelhantes, apesar de serem ampliadas, porque não respondo mais por um, mas por 15 Departamentos, que devem funcionar de maneira integrada.

Esperam alguma grande mudança em relação a vida familiar e também em relação ao que fazem aqui como professores de graduação, pós-graduação, pesquisa, coordenação de laboratório etc?

LB – Tem de conciliar… Eu tive de descentralizar algumas coisas, o que foi bom para mim e para todos. Achei que o laboratório pudesse sofrer pela minha dedicação à vice-direção da Poli, o que não ocorreu. Pelo contrário, o laboratório cresceu nesses quatro anos. Isso me deu tranquilidade para dar essa passo para a direção da Escola. Claro que acumulamos atividades, nem sei quantas horas eu trabalho por semana. Levo trabalho para casa…

Não atrapalha a vida familiar?

LB – Meus filhos já saíram de casa. Meu marido é pesquisador e sabe como é a rotina de trabalho. Não deixei de fazer nada: continuei minhas orientações, indo nos lugares para procurar projetos. A carga de trabalho deve aumentar, o que vai me obrigar a descentralizar, mas vou buscar o equilíbrio.

RG – Meu perfil é similar. Eu sou workholic assumido há um tempo. Desde 2008 sou editor chefe do Brazilian Journal of Chemical Engineering, em que toco a parte operacional praticamente sozinho, embora tenha a ajuda de uma equipe de editores associados na análise e seleção dos artigos. Assumi a coordenação de área Engenharias II da Capes, também atuo como membro da coordenação da área de Engenharias na Fapesp. Pareço aqueles equilibristas, giro um prato, corro, giro o outro… Mas não pretendo deixar de fazer nada, consigo me equilibrar bem. Vou continuar dando aula de graduação, de pós-graduação, trabalhando com os meus dez orientandos em projetos de pesquisa …

LB – A gente consegue dar conta porque se organiza e trabalha muito. Quando eu vi tudo o que o Reinaldo fazia eu falei “é esse mesmo”. Não quero uma pessoa que fica andando atrás de mim no corredor, trazendo pequenos problemas. Aliás, quando fui chefe de Departamento, não tratava nada no cafezinho no corredor. Se quer conversar sobre algo sério, então vamos nos sentar na sala e discutir o assunto. Precisa por importância nas coisas, precisa da formalidade. A pessoa não te leva a sério se falar algo muito importante num cafezinho – é diferente de discutir algo estando sentado frente a frente em uma sala, em um ambiente mais formal.

Professora Liedi, mudou a sua visão sobre a Poli depois de ter passado pela vice-diretoria?

LB – Eu acho a Poli mais legal hoje. Eu a enxergava muito no âmbito da [Engenharia de Construção] Civil e do Transporte [Departamento de Engenharia de Transporte], e alguma coisa a mais eu conhecia por amizade com pessoas de outros departamentos. Eu passei a olhar a Poli inteira na vice-diretoria, e eu pude ver o que a Poli tem. A Escola faz realmente coisas incríveis!

Uma mensagem de vocês para nossos alunos, funcionários e docentes.

LB – Quero que nosso trabalho seja algo que acrescente à Poli, para que ela continue sendo um centro de excelência, e que continue se desenvolvendo para ser melhor ainda. Quero apoiar a Poli para ela continuar nessa trajetória de excelência…

RG – Exatamente isso. Acertar a direção e trabalhar nela, mais do que obter ganhos pontuais, vamos construir algo que vai ficar e ajudar a Escola a crescer no longo prazo.

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