FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Pesquisadores da Poli estão desenvolvendo uma alternativa nacional de membranas para tratamento de água e efluentes. Objetivo é diminuir a dependência do produto importado, utilizado por indústrias, e melhorar o serviço das companhias de saneamento básico.

As indústrias e companhias de saneamento que captam água ou lançam efluentes em rios no Brasil poderão contar em breve com uma alternativa nacional de uma nova solução para o tratamento de água e de poluentes. Pesquisadores Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) estão desenvolvendo membranas planas de micro e ultrafiltração, feitas de polissulfona, que possibilitam eliminar poluentes que os sistemas tradicionais de tratamento de água não conseguem reter, tais como giárdia (parasita que causa diarréia), hormônios, metais pesados e produtos farmacêuticos quimicamente ativos.

Ainda não fabricada no Brasil e relativamente cara, esse tipo de membrana é mais utilizada em processos industriais, como o de clarificação da cerveja e separação das proteínas do leite. “Mas nos últimos anos, devido a uma mudança na legislação do uso de água de rios em alguns estados, como São Paulo, também começou a ser usada por diversas indústrias em aplicações ambientais”, explica o coordenador do projeto, o professor Ivanildo Hespanhol, do Centro Internacional de Referência em Reuso da Água (Cirra) da Poli.

As membranas que a Poli está desenvolvendo possuem poros com diâmetros de 0,1 a 1,0 mícros (microfiltração) ou de 0,1 a aproximadamente 0,001 mícrons (ultrafiltração). “A primeira é capaz de reter bactérias, pigmentos e outras partículas com essas dimensões. Já a segunda pode reter vírus, açúcares, sílica e algumas soluções salinas, como o cloreto de sódio”, explica.

Atualmente, as membranas estão sendo aplicadas, em caráter experimental, em uma estação de tratamento da Sabesp, mas em breve deverão ser produzi-las em escala industrial, em parceria com uma empresa brasileira. Os primeiros protótipos do produto deverão ficar prontos em 2009. Na próxima etapa do projeto, que deverá ser iniciada com recursos de agências de fomento, a empresa será capacitada para desenvolver a engenharia de todo processo, que inclui a produção e a caracterização da qualidade das membranas fabricadas. “A ideia é colocar o produto no mercado e disputar com os concorrentes importados”, diz Hespanhol.

Nova legislação – A lei que fez com que as empresas e companhias de saneamento passassem a pagar tanto pelo uso da água superficial ou subterrânea quanto pela carga de efluentes que lançam nos rios mediante a outorgas, tende a valorizar cada vez mais o uso deste tipo de membranas.

As outorgas são concedidas pelos órgãos responsáveis pela fiscalização do uso de rios federais, como o São Francisco, e estaduais, como o Tietê. Para cada ponto que uma empresa utiliza em um manancial para captação ou lançamento de efluentes, ela precisa possuir esse tipo de licença ambiental, cujo custo é bastante elevado.

O valor da outorga mais cara, para o lançamento de efluentes, é determinado pela vazão e o tipo de carga poluidora lançada. Para diminuir a despesa, diversas empresas estão recorrendo às membranas filtrantes para remover materiais inorgânicos e metais pesados de seus efluentes. “Ao tratarem os efluentes, eles deixam de ser um problema e se tornam matéria-prima, água para reuso”, explica Hespanhol. “Isso está promovendo bastante o uso das membranas nas indústrias”, finaliza.

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