FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Pesquisadores da Poli desenvolvem areia reciclada a partir de entulho de edificações. Material original, que é essencial na construção civil, está se tornando escasso e mais caro nas grandes cidades do Brasil.

Dos entulhos de edificações, pesquisadores da Escola Politécnica da USP (Poli/USP) estão obtendo um material nobre e essencial para a construção civil, que está se tornando cada vez mais escasso e caro nas grandes cidades do Brasil: a areia reciclada. Praticamente igual à matéria-prima original, a areia reciclada terá um papel importante para ajudar a diminuir o impacto ambiental nos leitos dos rios, causado pela extração da areia. Também deverá baratear o custo do produto, que vem encarecendo devido à saturação dos locais próximos aos centros urbanos onde ainda é possível extraí-lo legalmente.

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Resultado da tese de doutorado da pesquisadora do Laboratório de Caracterização Tecnológica da Poli, Carina Ulsen, a areia reciclada deverá começar a ser produzida em escala industrial até o fim de 2010 por uma associação de grandes empresas mineradoras. Para desenvolvê-la, em 2002 os pesquisadores dos departamentos de Engenharia de Minas e Petróleo (PMI) e de Engenharia de Construção Civil (PCC) da Poli iniciaram um estudo de caracterização tecnológica de resíduos de construção civil. A partir daí começaram a esmiuçar as propriedades físico-químicas de resíduos.

Em 2005, o Laboratório de Caracterização Tecnológica da Poli se associou a outras instituições de pesquisa, como o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), no Rio de Janeiro, em um projeto multidisciplinar para o desenvolvimento de materiais reciclados para construção civil. O estudo resultou em um novo método de separação de materiais oriundos de entulhos de edificações, até então inédito no mundo, que deu origem à areia reciclada.

Pelo processo convencional, utilizado atualmente pelas usinas de reciclagem, todos os tipos de entulhos são britados juntos e peneirados conforme a granulometria desejada. O resultado é um produto chamado ‘agregado reciclado’, que tem baixo valor comercial e geralmente é utilizado como base para preparação de terrenos, na pavimentação de ruas e estradas e na fabricação de blocos, entre outras aplicações que não exigem alto desempenho mecânico.

Já pelo método desenvolvido na Poli os materiais são primeiramente separados e selecionados de acordo com suas características físico-químicas e com a aplicação que se deseja na construção civil. Em seguida, são britados em condições otimizadas para reduzi-los a um tamanho adequado de partícula e remover a capa de cimento que reveste a maioria dos resíduos de construção civil – um elemento poroso que apresenta baixa resistência.

De acordo com a pesquisadora Carina Ulsen, com o desenvolvimento do novo método de processamento de entulhos, os pesquisadores da Poli quebraram outro grande tabu em reciclagem de resíduos da construção civil. O setor trabalhava apenas com agregados graúdos. “Nós começamos a enxergar a possibilidade de trabalharmos com agregado miúdo, que é a areia”, explica.

Mais do que isso. Ela enxergou a possibilidade de um novo filão no mercado de construção civil. Estudos preliminares indicam que o preço da areia reciclada pode chegar a ser 30% mais barata do que a matéria-prima original. E que ela tende a diminuir mais com a aproximação das usinas de reciclagem dos centros geradores de entulhos.

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