FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Escola Politécnica comemora seus 127 anos em transmissão ao vivo: confira aqui tudo o que aconteceu

No último dia 23 de agosto, a Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP), com a participação do Clube Minerva e da Escola Politécnica (Poli) da USP, realizou um evento online em comemoração ao aniversário de 127 anos da Poli. A live contou com a presença de diversos nomes da diretoria da Escola, assim como do Reitor da USP, Vahan Agopyan, do corpo docente, corpo estudantil, ex-alunos e parceiros da Poli. Durante as mais de três horas de celebração, o público pôde ouvir sobre a trajetória e importância da Poli; sobre os projetos e atividades desenvolvidas como pesquisa ou extensão e ainda refletir sobre questões importantes da ciência, como a equidade de gêneros na engenharia e a reinvenção da área na pandemia. 

O evento foi apresentado pelo ex-professor da Poli e Diretor Geral da AEP, Dario Gramorelli. Na primeira mesa da tarde, a transmissão recebeu o Reitor da Universidade de São Paulo e politécnico, professor Vahan Agopyan; a Diretora da Poli, professora Liedi Légi Bariani Bernucci; o Vice-diretor da Poli, professor Reinaldo Giudici e o professor da Poli e coordenador do Projeto Inspire, Marcelo Zuffo. Abrindo a comemoração, os presentes falaram sobre a trajetória da Poli durante os 127 anos de história e sua constante modernização.

“A poli está nos novos tempos, preza pela diversidade e continua sendo uma das melhores escolas de engenharia do mundo. São 127 anos cumprindo essa missão tão importante”, disse a diretora da Poli sobre a constante evolução e adaptação da Escola nestas quase treze décadas de história. O reitor da USP completou falando que “a Poli foi a primeira escola de engenharia do país que trouxe a prática como parte fundamental da formação. Também foi onde se estabeleceram os primeiros laboratórios do país, ainda no século XIX. A Poli tem essa liderança no país e a responsabilidade de ligar experiência ao ensino”. 

Fechando as considerações iniciais sobre a Escola, o professor Marcelo Zuffo comentou sobre o papel da AEP na vida politécnica e a importância do networking promovido pela Associação, além de citar criação e atuação do Clube Minerva com as mulheres da Poli. “É um momento de grande alegria para olhar para trás e ver a história da Escola, mas também olhar para o que a Poli representa agora. Nesse momento, vemos com muita clareza o valor da ciência, nos orgulhamos de fazer pesquisa de qualidade e de fazer parte da USP. Viva a Poli e viva a educação e a ciência”, finalizou Giudici. 

O tema do primeiro painel foi “Reinventando a relação Academia, setor privado, público e comunidade”, e os convidados conversaram sobre a função social e presença forte da Universidade durante a pandemia, fornecendo soluções rápidas e eficientes para as demandas da sociedade. Durante a conversa, foi abordada a capacidade da Poli de atuar na inovação e tratar o combate ao coronavírus como um desafio, abraçando-o e mudando a forma como as pessoas enxergam a instituição, deixando um papel exclusivamente de ensino para algo maior. 

“A Poli tem no DNA o relacionamento com a sociedade, nasceu com essa missão. No século passado, a Escola participou de tudo o que existiu em termos de evolução: as duas guerras, o desenvolvimento dos anos 50 e outros. Agora, a Poli está mostrando a sua competência de dar soluções em curtos espaços de tempo – o respirador (do projeto Inspire) é um exemplo. É um grande feito. Isso aconteceu porque na Poli existem grupos de pesquisa bem estruturados que souberam atuar”, sintetizou Vahan Agopyan. 

A Diretora Liedi Bernucci falou sobre a reorganização da Escola em uma semana para seguir com as aulas remotas a partir do final de março. Segundo ela, foi um desafio enorme que contou com a contribuição dos alunos, funcionários, AEP e todos os que colaboram com a Poli. Para se adaptar à rotina da pandemia, os professores receberam treinamentos e ferramentas de aulas a distância. A diretoria, a AEP e o Grêmio Politécnico trabalharam para disponibilizar modems e computadores para alunos em situação vulnerável poderem acompanhar o curso. “O combate à covid-19 foi um grande desafio institucional para a Poli, que uniu esforços entre departamentos, grupos e unidades diferentes, além de outras instituições, todos com competência, o que fez a diferença. A ciência e a tecnologia estão unidas, trazendo avanços para o nosso país”, concluiu. 

O professor Zuffo pontuou que há ao menos dez grupos trabalhando na Poli no combate à pandemia, e lembra das palavras da diretoria em uma reunião ainda em março, quando se dirigiu aos docentes sobre o papel da Poli na crise: “A sociedade precisa de respostas e nós precisamos fazer alguma coisa. Vocês, professores da Politécnica, têm como dar respostas”. O professor comentou ainda sobre o processo inicial da ideia do Inspire, com o desejo do professor Raul Lima, seu parceiro na iniciativa, de encontrar soluções. Ele enfatizou também o amparo que estão recebendo para o projeto, que é o que dá segurança aos pesquisadores, a união entre inovação e confiança. “A Poli está alcançando um novo patamar nesta crise. A USP é muito mais que dar aula, entregamos resultados quando a sociedade precisa”, concluiu. 

O painel seguinte apresentou o Projeto Retribua, iniciativa que fornece mentoria e bolsas-auxílio aos alunos em situação de vulnerabilidade, dando oportunidades e ajudando a mantê-los na universidade. A ideia é que “alunos mais velhos ajudem alunos mais novos em situação de vulnerabilidade”, com os mentores do projeto sendo alunos da Poli já formados que contribuem com tempo e investimentos financeiro nos jovens estudantes. Foram exibidos depoimentos de mentores e mentorados, nos quais o público entendeu como funciona a relação de ambos com o projeto. 

O mentor João Paulo contou que é a prova viva de que educação muda vidas, e um de seus mentorados relatou sua experiência com a Poli e como o projeto Retribua auxiliou no processo de sua graduação. Os vídeos explicaram como funciona o projeto, as inscrições e o benefício, mostrando que o Retribua inclui encontros presenciais e digitais, interação entre os membros, grupos online, confraternizações e inúmeros voluntários. Vários outros alunos mentorados deixaram seus depoimentos, contando como o projeto ajuda na realização de seus estudos, não apenas financeiramente mas também com outros projetos de capacitação e com a manutenção de alunos de fora de São Paulo na região da universidade. Foi destacada, por fim, a presença efetiva da professora Liedi Bernucci no projeto, assim como da Poli no geral.

No painel seguinte, o evento recebeu a politécnica Márcia Ogawa, que conduziu o momento da live no qual os alunos de graduação tiveram a oportunidade de apresentar seus projetos de extensão e concorrer a um prêmio de cinco mil reais. Os oito grupos participantes exibiram vídeos onde mostram um pouco sobre o desenvolvimento de suas atividades e competições, e depois seus líderes entraram ao vivo para falar um pouco mais de cada um, 

Participaram das apresentações de atividades extracurriculares os grupos de extensão Concreto Poli; Projeto Jupiter; Equipe Poli Baja; Keep Flying; Poli Náutico; Poli Racing; Sky Rats e ThundeRatz. Após a votação online, a equipe Poli Racing levou a quantia em dinheiro, embora todas as iniciativas do corpo discente tenham sido elogiadas pelo alto nível de seus trabalhos, que são desenvolvidos exclusivamente pelos alunos. 

Em seguida, um vídeo contendo depoimentos de alunos e ex-alunos da Poli emocionou a audiência, com mensagens de pertencimento e resgate dos melhores momentos vividos em cada trajetória durante seus períodos na Escola Politécnica. O foco foi na vivência da Atlética, com imagens dos jogos universitários e da comoção dos estudantes em prol da Escola em tais ocasiões. 

O último painel do dia foi um oferecimento do Clube Minerva, parte da AEP composta por mulheres da Poli. Heloisa Carvalho, membro do grupo, mediou a discussão com Camila Achutti, CEO da MasterTech, aluna de pós-graduação da Poli e ativista da causa de gênero na ciência. O tema do painel foi “Promovendo  a diversidade nas carreiras STEM”, e Camila falou sobre sua experiência como mulher sendo uma figura de liderança na área da ciência e tecnologia, além de responder perguntas do público. 

Camila contou que a ideia de criar um blog sobre mulheres na computação e na tecnologia surgiu quando ela entrou na faculdade e percebeu não apenas a grande diferença na proporção de homens e mulheres no curso, mas também a falta de material sobre o tema disponível em português na internet. Camila então começou a traduzir e produzir conteúdo, utilizando a trajetória de professoras que fizeram a diferença na Poli e no Instituto de Matemática e Estatística (IME), onde estudou, como inspiração. 

Segundo a convidada, a ideia de empreendedorismo há 10 anos “não era legal”, e ela não sabia que gostaria de trabalhar com isso no futuro: na época, seu desejo era trabalhar na NASA. Foi quando notou que seu objetivo era aplicar o conhecimento que tinha em transformação social que entendeu que o caminho seria começar algo novo. Com 21 anos, Camila começou a empreender, e percebeu que na USP ela encontraria as melhores pessoas para trabalhar junto. 

Camila comentou ainda sobre a diferença entre as trajetórias corporativa e empreendedora, dizendo que empreendedorismo e liderança ainda são muito marcados por estereótipos masculinos. Considerando sua experiência no Vale do Silício e fora do Brasil, a empreendedora pontuou que a comunidade científica da USP se destaca muito pelo jeito de fazer as coisas, mesmo em outros países. “A questão de gênero lá fora já está em outro nível de discussão na área científica. Existe esse ponto de vista econômico de que o país precisa da outra metade da população, ou seja, as mulheres, desenvolvendo a tecnologia para crescer”, disse Achutti.  

A mesa se encerrou com a discussão sobre romper o estereótipo de quem estuda ou trabalha com STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), além de abordar maneiras de abrir espaço para mais mulheres na área. “Qualitativamente, a discussão de gênero na ciência no Brasil está muito bem. Porém, quantitativamente, está longe de ter metade de mulheres na área”, disse Camila, que concluiu falando sobre dar voz e crédito para as meninas que estão começando a ver STEM como uma possibilidade. 

Fechando o evento, o grupo de canto da Poli, Accapoli, apresentou uma performance de When the Party is Over, da cantora Billie Eilish. Além dos convidados presentes ao vivo na transmissão, vários nomes ilustres deixaram os parabéns para a Escola Politécnica em seu aniversário de 127 anos. Dentre eles, estão: Jefferson de Oliveira Gomes, Presidente do IPT; Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto, Diretor da Faculdade de Direito da USP; Eduardo Lafraia, Presidente do Instituto de Engenharia; Nicola Pacileo Netto, professor da Engenharia Civil; Sueli Rossetti, Secretária da Diretoria da Poli; Anderson Ribeiro Correia, Reitor do ITA; Gustavo Donato, Reitor do Centro Universitário FEI; Ignacio Maria Poveda Velasco, Procurador Geral e Superintendente de Relações Institucionais da USP; Luis Carlos Trabuco Cappi, Presidente do Conselho do Bradesco; José Carlos de Souza Junior, Reitor do Instituto Mauá de Tecnologia; Maria Elisete Alves Monteiro, Secretária do Departamento de Engenharia Química da Poli; Osvaldo Lahoz Maia, Gerente de Inovação do SENAI; Emilio Vian Vieira, fundador da Altio Tecnologia; José Carlos Madia de Souza, Presidente da Associa-se de Ex-alunos da Faculdade de Direito da USP; Arnaldo Jardim, Deputado Federal e ex-aluno da Poli e Antônio Luiz Medeiro, representante dos funcionários no CTA e Congregação da Poli. 

A segunda parte da comemoração de aniversário da Escola será uma live sobre o projeto Inspire, transmitida no dia 24 de agosto de 2020, às 18h30. Confira o evento completo aqui:

Texto: Letícia Cangane, estagiária de jornalismo.
Revisão: Rosana Simone.

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Live do Projeto Inspire

 

Programação do Evento: 23 de agosto de 2020, domingo

16h: Abertura do evento

16h15: “Reinventando a  relação Academia, setor privado, público e comunidade”.

Com a participação do Reitor da USP, professor Vahan Agopyan, da diretora da Poli, Liedi Légi Bariani Bernucci.

16h45: Programa Retribua

17h15: Atividades extra-curriculares

18h15: “Clube Minerva – Promovendo  a diversidade nas carreiras STEM”

19h: Encerramento

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