FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Conheça a trajetória do engenheiro de minas da Poli que estudou explosivos na Itália e ganhou um prêmio com seu TCC

George Emiliano analisou a eficiência de explosivos civis empregados no desmonte mineral, e seu trabalho de conclusão de curso, defendido em 2019, ganhou o Prêmio Metso Outotec Brasil

Em 2014, George Emiliano fez a prova da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), visando entrar na Escola Politécnica. Quando viu o resultado do exame, havia sido aprovado para sua terceira opção de curso: Engenharia de Minas. Contente por ter ingressado na USP, George iniciou sua carreira acadêmica no Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo (PMI), e rapidamente se apaixonou pela faculdade. 

“É um curso bastante humano. O extraordinário corpo docente da engenharia de minas conhece os estudantes por nome. Quando o estudante precisa ser ouvido, conversar com o professor, não só estão super abertos, mas como também são muito próximos, quando o estudante encontra essa ponte”, afirma o politécnico.

Além disso, George participou por dois anos da Poli Júnior, empresa júnior da Escola Politécnica e foi representante de classe da sua turma de Engenharia de Minas (Fuvest 2014). Em 2017, resolveu fazer um intercâmbio para Portugal, por meio do Programa de Duplo-Diploma oferecido na Poli, no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa. Em setembro do mesmo ano, Emiliano chegou ao país lusitano e iniciou seus estudos.

Uma das inspirações que o levou a escolher Portugal como o destino de seu intercâmbio e, mais especificamente, o IST, foi António Guterres. O português, atualmente secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), cursou engenharia na mesma faculdade. “É uma escola fantástica. É uma das poucas escolas que ainda tem um curso propriamente dito de Engenharia de Minas”. Ele diz que o bom custo-benefício da estadia em Portugal e a qualidade de ensino do IST, reconhecida na Europa, também foram fatores atrativos.

Emiliano ainda elogia a grade curricular do programa. Com duração de dois anos, o mestrado europeu é dividido em semestres, sendo o último destinado à tese. Com vontade de viver novas experiências e visitar mais lugares da Europa, George queria, neste último período do programa, escrever seu TCC em outro país.

Então, o professor Pedro Alexandre Marques Bernardo, do IST, futuro orientador de George, entrou em contato com a professora Marilena Cardu, da Politecnico di Torino, em Turim, na Itália, que estava à procura de alguém para escrever uma tese sobre eficiência de explosivos. Emiliano contatou a docente, que o convidou para participar do projeto. Assim, em 2019, o politécnico pleiteou uma bolsa de estudos Erasmus+ e viajou para Turim, onde residiu por um semestre. “Foi uma das melhores experiências da vida”, afirma o engenheiro.

George conta que, inicialmente, a tese era uma parceria entre a Universidad Adolfo Ibáñez, no Chile, e a Politecnico di Torino, com o objetivo de construir uma mina de testes no país sul-americano. Contudo, o projeto estava atrasado e a bolsa de estudos que Emiliano possuía durava apenas 6 meses, o que o impedia de estender seu intercâmbio e esperar as obras para a pesquisa acabarem.

George e seus orientadores desenvolveram então um novo projeto, dentro da mesma temática, mas fora do abstrato inicial. A Professora Marilena Cardu deu a linha principal de pesquisa: “Análise do Poder Disruptivo de Explosivos Comerciais” (“Analysis of Disruptive Power of Commercial Explosives”). 

Para o desenvolvimento da tese, Emiliano analisava e comparava alguns dos explosivos mais utilizados dentro da Itália para o desmonte de calcário. O politécnico relata que seu TCC foi um trabalho de lavra. A lavra, segundo o código brasileiro de mineração, pode ser definida como o conjunto de operações que possuem o objetivo de aproveitar industrialmente uma jazida. Dessa forma, a lavra mineral vai desde a extração até os processos utilizados para realizar o beneficiamento do minério. 

George também realizou alguns ensaios com explosivos comerciais italianos para um desmonte real em uma mina na região da Lombardia (bem próximo da fronteira com a Suíça). Os dados coletados no campo não foram suficientes, por isso o engenheiro teve que analisar um banco de dados italiano de outros desmontes do mesmo material.

O objetivo do projeto era desenvolver uma nova maneira de interpretar a eficiência dos explosivos civis empregados no desmonte mineral. Essa nova interpretação, pela tradução livre ao português, é entendida como o poder disruptivo. “O poder disruptivo é uma ideia que a gente queria trazer dentro da nossa tese que juntasse a eficiência operacional com a menor quantidade de explosivos. Então, quanto maior o poder disruptivo do explosivo, melhor é o resultado dele”, explica o politécnico.

A pesquisa de George prova a importância de conhecer o explosivo mais adequado para cada mina. Cada mineral tem uma dureza diferente, um comportamento físico diferente, de forma que, quanto mais rígida a matéria, maior terá que ser a energia do explosivo. Como esse tipo de material é caro, descobrir qual explosivo tem maior eficiência sobre cada mina, ou seja, o maior poder disruptivo, é essencial para o controle de gastos no setor.

Ao concluir o trabalho, George participou de uma competição da melhor tese (nome dado aos trabalhos como este em Portugal, diferentemente do Brasil, em que as teses se referem a trabalhos de Doutorado) de Engenharia de Minas em explosivos, realizada pela Associação Portuguesa de Estudos em Engenharia de Explosivos (AP3E), e ganhou o primeiro lugar de Portugal. A tese foi também o trabalho de conclusão de curso de George pela Poli.

Além disso, o trabalho rendeu ainda mais uma conquista para Emiliano: o Prêmio Metso Outotec Brasil de 2019, que é a premiação dos melhores TCCs do curso de Engenharia de Minas do PMI da USP. “Acho que consegui colher frutos muito posit\ivos, passados os anos”, diz George.

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