FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Pesquisadores da Poli-USP participaram da comissão que elaborou os novos critérios da norma ABNT NBR 13246:2017, discutida em seminário na USP. Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) participaram da elaboração da nova norma técnica ABNT NBR 13246:2017, que estabelece critérios a serem observados para construção de portos ou obras de melhoria na infraestrutura portuária, como a construção de novos terminais. Técnicas que se aplicam nos projetos de acessos náuticos previstas nas normas, como o uso de simuladores e modelos numéricos, foram discutidas hoje (7/11), em São Paulo, em um seminário promovido pelo Tanque Numérico de Provas (TPN) da Poli-USP e o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra). A norma ABNT NBR 13246 foi criada em 1995, e agora reformulada e atualizada, em um trabalho da Comissão de Estudo Especial de Planejamento Portuário (ABNT/CEE-194), constituído pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Basicamente, a norma estabelece os critérios a serem observados para projetos conceituais e detalhados relacionados ao canal de acesso dos portos e a todo o espaço destinado para manobra dos navios até sua atracagem nos terminais. Ela também trata dos elementos necessários para a avaliação da compatibilidade entre um canal existente e mudanças nos tipos de navio ou na execução de operações de acesso. Se um porto quiser receber navios maiores, por exemplo, encontrará nas normas os requisitos a serem observados para estudar e simular as operações, de forma a saber se é possível fazer a operação de forma segura antes de implementá-la no porto. “Participamos ativamente da reformulação da norma, indo em praticamente todas as reuniões, e contribuímos para a elaboração de alguns capítulos específicos, como o de definição de folga sob a quilha e o de validação de simuladores”, conta o professor do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos da Poli, Eduardo Tannuri, coordenador de Projetos e do Centro de Simulações Náuticas e Portuárias do TPN e um dos politécnicos participantes das reuniões de trabalho que aperfeiçoaram a norma anterior.“Foi um trabalho de muitas mãos e a Poli vai continuar participando da Comissão Permanente de Revisão da Norma, criada para propor sua melhoria contínua”, conta. Segundo Tannuri, a versão atual da norma tem vários aprimoramentos em relação a anterior. “Ela define que os projetos portuários sejam feitos de forma cooperativa entre engenheiros, analistas de risco e práticos. Todos precisam participar, sob orientação da autoridade portuária”, aponta. Até agora, era frequente que a equipe de engenharia desenvolvesse todo um projeto e entregasse a versão final para avaliação do prático, profissional encarregado das manobras de navios nas zonas portuárias. Com a inserção dos práticos e analistas de risco desde o começo do projeto, diminuem os riscos de que o canal de acesso seja mal planejado, o que poderia inviabilizar alguns tipos de manobras e até impedir a entrada de navios maiores, por exemplo. Para elaboração da ABNT NBR 13246:2017 também foram consultadas as normas internacionais, das quais foram tiradas as melhores práticas, devidamente adaptadas para as condições e necessidades dos portos brasileiros. “Temos critérios técnicos mais precisos e abrangentes dos que os da norma anterior, porque nos baseamos em normas internacionais”, comentou. A norma definiu ainda ferramentas validadas e mais precisas, como simuladores e métodos numéricos. A ABNT NBR 13246 recomenda, por exemplo, a utilização de simuladores para verificar os impactos do projeto na operação portuária antes da sua finalização. Dessa forma, se houver problemas, eles poderão ser detectados antes da implementação do projeto. Cumprindo seu papel junto à sociedade – Na abertura do seminário “Técnicas modernas de projeto de acessos náuticos com base na norma ABNT NBR 13246:2017”, a vice-diretora da Poli-USP, professora Liedi Légi Bariani Bernucci, lembrou que a instituição atua em três atividades essenciais: o ensino de graduação e pós-graduação; a pesquisa, já que sem a ciência não há desenvolvimento; e a extensão. “Essa última, da qual faz parte esse evento, é a interface que fazemos com a sociedade”, apontou. A participação de pesquisadores da Poli no trabalho de redação da norma, levando o conhecimento científico para o grupo, e a discussão do tema em um seminário, segundo ela, mostram, de forma prática, como a ciência produzida na Escola pode ser levada para fora dos muros da universidade e ajudar no desenvolvimento do País, retribuindo o investimento social feito na instituição. “O País só poderá crescer se pautado no desenvolvimento de sua infraestrutura, que é o segundo pilar quando consideramos os indicadores de competitividade das nações”, destacou ao falar da importância para o País do trabalho desenvolvido para a reformulação de uma norma focada em um setor essencial para a competitividade do Brasil. Já o presidente do Conapra, o prático Gustavo Martins, destacou que a antiga norma estava desatualizada e já não era utilizada há muito tempo. “Esperamos que essa nova norma traga um impulso de desenvolvimento para a área portuária nacional. Precisamos ampliar nossas exportações e nossos rios e portos precisam estar prontos para a demanda que se projeta no futuro”, comentou. O comandante Attila Coury, chefe do Departamento do Tráfego Aquaviário da Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha, expressou sua satisfação com a parceria com o TPN, onde já foram feitos centenas de testes relacionados a obras e manobrabilidade dos navios. No final da mesa de abertura, foi assinado o contrato de renovação do termo de cooperação técnica firmado entre o Conapra e o TPN, pelo qual os práticos trabalham no simulador de manobras do TPN, ação que contribui com os projetos de pesquisa, ajuda nas avaliações de portos e nas análises de operações náuticas reais.

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