A professora Anna Helena, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) e orientadora da tese vencedora de duas menções honrosas por dois anos consecutivos, de Felipe Leno, conta que o propósito do trabalho era desenvolver máquinas pensantes que pudessem resolver diversas tarefas. 

Segundo a orientadora, a premiação traz projeção da ciência brasileira para a comunidade científica internacional e dissemina a implementação de técnicas de IA que podem abranger aplicações que vão do mercado financeiro ao auxílio em planejamento público de infraestrutura, agronomia, controle de geração de energia limpa e extração de petróleo. “O diferencial da tese é ter utilizado o aprendizado de máquinas, uma disciplina da Inteligência Artificial que visa dotar máquinas da capacidade de melhorar seu desempenho automaticamente, por meio da experiência e do uso de dados. Ou seja, envolvendo uma arquitetura lógica e novos algoritmos, permite que experiências prévias da própria máquina e de outros agentes –  artificiais ou não –  sejam incorporadas no processo de aprendizado, acelerando-o”, conta.  

“Ter meu trabalho reconhecido dessa forma é um grande motivador para continuar me dedicando à pesquisa. O prêmio foi de grande significância e sinto que meus anos de dedicação no doutorado tiveram um impacto visivelmente positivo – tanto a mim quanto aos outros pesquisadores do laboratório que fazia parte”, comenta Leno.

Em 2021, o vencedor do Prêmio Tese Destaque USP na área de Engenharia foi Kayo Santana Barros, sob a orientação da professora Denise Espinosa, do Departamento de Engenharia Química da Poli, que realizou um estudo inovador que permite reduzir os impactos na sociedade e no meio-ambiente pela indústria de eletrodeposição do latão. Substituindo o cianeto pelo EDTA no processo, os resultados mostraram que foi possível obter depósitos de latão com qualidade similar aos dos processos convencionais, mas desta vez causando um impacto menor. A professora explica que, por conta do desenvolvimento da tese ocorrer em parceria com a Universitat Politècnica de València (UPV), por meio de um programa de dupla-titulação, a aproximação entre os laboratórios brasileiros e espanhóis foi de grande valia e propiciou ao aluno uma visão mais profunda do problema abordado, e mais abrangente do universo da pesquisa como um todo. 

“Pessoalmente, o Prêmio me traz muito orgulho da minha trajetória. Cresci em uma cidade que possui 40 mil habitantes e estudei em escolas públicas até os meus 9 anos de idade. Entre os meus 9 e 18 anos, estudei em uma escola cenecista/comunitária, que foi fundada pelos próprios moradores da minha cidade, incluindo os meus pais. Portanto, reconheço que esse prêmio se deve, em grande parte, aos esforços de várias pessoas que acreditaram e acreditam na importância de uma educação de boa qualidade”, diz Kayo, que acrescenta ainda que “essa valorização da ciência e educação se torna ainda mais grandiosa ao considerarmos a triste e lamentável situação em que o Brasil se encontra, sob influência de tamanha ignorância. Logo, acredito que o reconhecimento da qualidade da tese é uma demonstração de que a educação e a ciência ainda têm valor no nosso país”.